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Vasculhar Lendas

Juntos vamos mergulhar nas maravilhosas lendas, para já de Portugal, por isso... Era Uma Vez ...

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27
Set23

Lenda da Torre da Princesa

Bri Atano

Vamos hoje viajar até Bragança, uma linda cidade situada a Norte de Portugal, faz fronteira com Espanha e hospeda a 2ª maior área protegida do país - Parque de Montesinho - assim como mais de cinco séculos de tradições sendo a mais conhecida, talvez, os Caretos. Mas não é sobre essa lenda, não hoje, que iremos falar, mas sim da Torre mais famosa do Castelo de Bragança, essa mesmo. Apresento-vos então a Lenda da Torre da Princesa.

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Era uma vez, há muito tempo, na povoação de Bemquerença, onde existia um castelo que albergava uma bela princesa orfã, que ali vivia com o seu tio, o senhor do castelo.

A princesa apaixonou-se por um nobre, valoroso e jovem cavaleiro, porém carente de recursos. Por esse motivo, o jovem partiu da aldeia numa longa jornada em busca de fortuna, prometendo retornar apenas quando se achasse digno de pedir a sua mão.

Anos se passaram, a jovem recusou todos os seus pretendentes esperando por o seu nobre cavaleiro, até que o seu tio, impaciente, prometeu-a a um amigo, forçando-a ao compromisso. Ao ser apresentada ao candidato do tio, a jovem confessou-lhe que o seu coração pertencia a outro homem, cujo retorno aguardava há anos.

A revelação enfureceu o tio, que decidiu, nessa mesma noite, se disfarçar como um fantasma e, penetrando por uma das duas portas dos aposentos da princesa, simulando ser o fantasma do jovem ausente, afirmou-lhe com voz lúgubre, que ela estava condenada para sempre à danação, caso não aceitasse o casamento com o novo pretendente. Prestes a obter um juramento por Cristo por parte da princesa, milagrosamente abriu-se a outra porta e, apesar de ser noite, um raio de sol penetrou nos aposentos, desmascarando o tio impostor.

Daí em diante, a princesa passou a viver recolhida na torre que hoje leva o seu nome, sem nunca mais ser obrigada a quebrar a sua promessa, e as duas portas passaram a ser conhecidas como Porta da Traição e Porta do Sol, respectivamente.

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Como não encontrei em registos, o que aconteceu à princesa orfã, resolvi tentar pesquisar um pouco sobre a monarquia portuguesa e algo me leva a crer que terá sido durante a Dinastia de Avis ou Dinastia Joanina. A Torre terá sido construída perto de 1438/39, aqui não sei o quão certa estarei mas os senhores do castelo seriam ou D. Afonso (1º Duque de Brangança) que esteve no poder até meados de 1433, onde terá sido substituído por D. Duarte I entre 1433-1438 e posteriormente por D. Afonso V, 1438-1481.

Mas é aqui que tudo se complica um pouco, principalmente porque quem estaria no poder seria D. Afonso V devido ao falecimento de seu pai e a torre pode apenas ter servido para passar uns dias ou ser mesmo um local de repouso e passagem, e temos duas opções:   pes_392155.jpg  800px-Hans_Burgkmair_d._Ä._006.jpg

No caso 1, aquando a morte de seu pai D. Duarte I por volta de 1438, D. Leonor teria sido deixada à responsabilidade de seus tios paternos, D. Pedro e D. Isabel de Borgonha. D. Leonor cresceu na corte, em Lisboa, e dos seus últimos anos em Portugal pouco se conhece. Especula-se em algumas fontes quanto os amores que um certo jovem fidalgo da altura lhe terá tido no fim da década de 40 daquela centúria, quando D. Leonor contava com 16 anos e o seu contrato de casamento era já negociado. Teria o jovem acesso à Infanta por intermédio de D. Guiomar de Castro, de quem era primo co-sobrinho pelo lado materno. Conta-se que passou a Itália na armada que levou a Infanta D. Leonor e que, após o casamento desta, abraçou a vida religiosa; segundo as mesmas fontes tê-lo-á feito por desgosto de ver a sua amada casada com outrem. Tomou ordens como Frei Amadeu e ficou conhecido para a história como Beato Amadeu.

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No caso 2, consta-se que D. Joana de Trastâmara, seria o fruto de uma traição entre D. Joana de Portugal e Beltrán de La Cueva, tornando-a assim filha ilegítima de D. Henrique IV de Castela e com isso vieram muitas guerras civis, mas também a procura de um marido para a filha, para esta não perder os seus direitos que estavam a ser ameaçados. Depois de várias hesitações diplomáticas, D. Joana acabou prometida em casamento ao seu tio, o Rei Cavaleiro, D. Afonso V de Portugal, que tomou como sua empresa de cavalaria defender os direitos da sua inocente e jovem sobrinha. Para este casamento foi necessária uma dispensa papal, dada a próxima consanguinidade entre os noivos. D. Afonso jurou defender os direitos da esposa e, por conseguinte, os seus próprios, ao trono de Castela. Existem rumores que D. Joana pode mesmo ser filha de D. Henrique IV de Castela, mas sem os restos mortais que foram perdidos no terramoto de Lisboa nunca se poderá ter o ADN para confirmar, apenas nos restam especulações sendo uma delas os factos que o historiador António Júnior, apresenta, facto após facto, argumento após argumento, documentando-se em fontes históricas bem identificadas, a tese de que D. Joana de Portugal terá sido inseminada artificialmente, ou pelo menos de forma assistida, com sémen de D. Henrique IV de Castela, através de uma “mestria” conduzida provavelmente pelo físico judeu de nome Yusef ben Yahia. 

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Mas de novo tudo isto são especulações pois era comum a recusa e as negociações de casamentos e apenas uma visão diferente sobre a Lenda da Torre da Princesa.

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