Festa da Cabra e do Canhoto
Caros leitores, vamos hoje viajar até Cidões, uma aldeia no Norte de Portugal Continental, pertencente ao Município de Vinhais e ao Distrito de Bragança. Vinhais conta com uma área total de 694,76 km2 e 7768 (sete mil setecentos e sessenta e oito) habitantes, já a localidade da nossa lenda situa-se na Freguesia de Vilar de Peregrino e ocupa uma área total de 12,54 km2 e 20 residentes. Mas não é por ser pequena que está esquecida, muito pelo contrário, os filhos da terra, regressam todos os anos, para realizar a festa da Cabra e do Canhoto, uma comemoração Celta, que a cada ano fica mais conhecida, uma espécie de Caretos mas do All-Hallows Eve (Dia de Todos os Santos), sem mais delongas vamos não à lenda, mas à tradição!


Era uma vez, situada no norte de um país, que hoje chamamos de Portugal, uma aldeia com as suas raízes celtas, que todos os anos comemorava o Samhain, uma comemoração pagã que finalizava o ano, que no caso era a troca de estação do dia e do calor (31 de Outubro) e o começo de um ano novo, a troca para a estação da noite e do frio (1 de Novembro).
Para prevenir a vinda de espíritos malignos para destruir colheitas e espalhar o medo, resolveram criar um ritual para os espantar e apenas atrair os espíritos bons, em Cidões, assim como nas celebrações Celtas, a vinda dos mortos está relacionada com o ciclo morto da natureza, onde tudo está mais fragilizado, mais sensível, como hoje ouvimos existe apenas um véu a separar.

Decididos a matar o diabo "Canhoto", o Druida e as suas deusas fazem o esconjuro e preparam a queimada, acendendo a estrela, o pentagrama Celta (não confundir com o satânico), invocando prosperidade, fertilidade e sorte para a "estação escura" o Inverno que se avizinha e às 23:00h decidem queimar o "cabrão" ou "bode gigante", que foi empurrado pelas deusas para a fogueira do Fogo Sagrado e deleitar-se com a cabra machorra. E é quando esta queima do bode e o repasto de cabra machorra, um animal que nunca deu descendência em toda a sua vida, que desperta a ira do diabo que virá em cima de um carro de bois, com os rapazes da terra, que por sua vez roubam as varandas, viram carroças do avesso e ainda atropelam raparigas, rapazes que estão a ser controlados pelo diabo.

Começa então uma luta feroz entre o Diabo e o Druida, este último consegue expulsar o Diabo da aldeia, permitindo-o apenas a voltar no dia 31 de Outubro do ano seguinte, assim toda a aldeia e todos os presentes estão protegidos contra todos os males, inveja, azares e má sorte!

Esta tradição tem vindo a aumentar de ano para ano, sendo agora esperados perto de duas mil pessoas, e de facto existem tradições que merecem a pena existir e a Festa da Cabra e do Canhoto, é uma delas!
