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Vasculhar Lendas

Juntos vamos mergulhar nas maravilhosas lendas, para já de Portugal, por isso... Era Uma Vez ...

Juntos vamos mergulhar nas maravilhosas lendas, para já de Portugal, por isso... Era Uma Vez ...

Vasculhar Lendas

27
Mai24

Dama Pé de Cabra - Versão I - Senhor de Biscaia

Bri Atano

Caros leitores, trago hoje, a primeira parte da lenda da Dama Pé-de-Cabra, que era transmitida oralmente desde o Século XI e registada pela primeira vez no Século XIV no Livro de Linhagens do Conde D. Pedro. Foi também compilada por Alexandre Herculano, 1851, no seu livro "Lendas e Narrativas".  Sem mais demoras, vamos então à nossa lenda:

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Foto de autor desconhecido do site Ochus Bochus

Era uma vez,  na província de Biscaia, um nobre senhor de seu nome D. Diogo Lopes, senhorio dessa província, que caçava por as suas terras, quando foi surpreendido por uma donzela que cantava sentada numa pedra. Espantado por tamanha beleza, ofereceu o seu coração, as suas terras e os seus vassalos, em troca da sua mão, no entanto, a dama recusou as oferendas e impôs-lhe uma única condição para esse matrimónio acontecer, nunca mais se benzer. D. Diogo, aceitou sem nenhuma hesitação. Nessa noite, no seu castelo, quando o nobre senhor se apercebeu que a sua dama, por quem estava perdido de amores, tinha os pés forcados como os de uma cabra. Todavia, esse promenor não impediu o casal de viver em paz e união durante muitos e muitos anos, sendo fruto desse amor D. Inigo Guerra e Dona Sol.

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Pintura Paula Rego

Certo dia, após uma caçada, durante um grandioso jantar com toda a família reunida, D. Diogo premiou Silvano, o seu alaunt/alão - cão dado como extinto nos dias de hoje, que por vezes era usado como presa para a caça de animais de grande porte, mas que contribuiu para o desenvolvimento de cãos como alaunt Mastiff que conhecemos hoje - com um grande osso, quando este foi atacado pela podenga preta de sua mulher que o matou para se apoderar do pedaço de javali. Espantado com tal violência e meio embriagado, D. Diogo, benzeu-se e exclamou que tal coisa só podia ser "coisa de Belzebu". A dama deu um grito, como se estivesse a ser queimada, começou a elevar-se no ar, os seus olhos tornaram-se brilhantes, a sua pele negra, os cabelos eriçados e as unhas em garra. Enraivecida, pegou na sua filha e começou a aproximar-se de D. Inigo, para também o agarrar, quando D. Diogo exclamou "Jesus, santo nome de Deus!", benzeu-se, e mais uma vez a Dama Pé-de-Cabra soltou um grito de dor, elevou-se mais alto no ar e saiu com a sua filha chorosa pela janela, nunca mais sendo vistas.

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Ilustração Filipe Soares

O nobre senhor, tornara-se carrancudo e triste, tendo sido excomungado pelo seu enlace com a misteriosa dama. Recebeu como petinência a missão de guerrear os mouros por tantos anos quanto os que vivera em pecado. Partiu então para a guerra onde anos mais tarde, ficou cativo em Toledo. 

D. Inigo, sem saber como resgatar o pai, resolveu ir à procura de sua mãe, que segundo uns e outros diziam, ou se havia tornado uma fada ou uma alma penada, histórias essas que eram conhecidas há mais de cem anos.

Michael Oppermann

Foto Michael Oppermann

[Reza a lenda, que um ilustre conde, Argimiro o Negro, em tempos possuía aquelas terras, havia prometido no leito de morte do seu pai, nunca matar uma fera com crias ou no seu covil, fosse um javali, um urso ou outra qualquer. Contudo, durante uma montaria em que não encontrava caça, entrou numa caverna e matou um ónagro - subsespécie de burro selvagem encontradas especialmente nas zonas dessérticas da Ásia- que protegia as suas crias. Argimiro ouviu uma voz misteriosa que lhe disse que pelas suas acções ficaria desonrado, mas ele não fez caso. Pouco tempo depois, o conde partiu para a guerra e deixou a sua esposa no castelo. Quando regressou, descobriu que a bela condessa se encontrava às escondidas com Astrigildo o Alvo, um nobre gardingo que todas as noites era guiado por um ónagro ao seu encontro. Enraivecido, matou-os, ouviu de seguida a mesma misteriosa voz "Por ti ficaram órfãos os filhinhos do ónagro, mas por via do ónagro ficaste, oh conde, desonrado. Foste cru com as pobres feras: Deus acaba de vingá-las." Desde essa altura as almas da condessa e do gardingo apareciam em Biscaia, ela de branco e vermelho vestida, enquanto em cima de uma pedra cantava, ele por perto, na forma de um ónagro.]

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Foto Michael Oppermann

Na serra, D. Inigo, estava acompanhado do seu mastim favorito, Tárik, quando encontrou a Dama de Pé-de-Cabra, sua mãe, que resolveu ajudar o filho, com a condição de este aguarda um ano pelo término da penitência de seu pai e a promessa de lhe dar um ónagro de seu nome Pardalo, enquanto lhe lançava um feitiço para o adormecer profundamente por mais de um ano. Quando o cavaleiro acordou, sem noção de quanto tempo havia passado, partiu de imediato com a criatura até Toledo. Estava uma negra e terrível tempestade, atravessaram as muralhas da cidade e entraram na prisão, onde com um coice o ónagro abriu a cela. Pai e filho cavalgaram em fuga, o mais rápido que conseguiam, no caminho, encontraram um cruzeiro de pedra que fez o animal parar. A voz da Dama de Pé-de-Cabra, fez-se ouvir e instruiu o ónagro a evitar a cruz. Reconhecendo a voz, ao fim de tantos anos e sem saber da aliança entre o filho e a mãe, D. Diogo exclamou "Santo Nome de Cristo!" e benzeu-se, o que fez com que o ónagro os sacudisse da cela, a terra estremecesse e abrisse, tornando visível o fogo do Inferno, que engoliu o animal nas suas profundezas. Com tamanho sustos, os dois desmaiaram.  Quando de novo voltaram a si, nenhum vestígio restava do que se passou naqueles instantes, os dois caminharam até Nustúrio, a aldeia mais próxima, onde os receberam e cuidaram no castelo de D. From.

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D. Diogo, nos restantes anos que ainda viveu, todos os dias ia à missa e todas as semanas se confessava. 

D. Inigio, morreu de velhice, nunca mais entrou na igreja e crê-se que tinha um pacto com o Diabo, pois, apartir de então, não havia batalha que não vencesse.

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Após alguma pesquisa, a veracidade desta lenda, pode, parte dela, ser verídica, mas vamos por partes.

A opção primeira é, o nosso D. Diogo desta lenda era nada mais nada menos que Diego Lopez I de Haro "o Branco" (1075-1124), foi membro da Casa de Haro e o terceiro Senhor da Biscaia (1903-1124). Filho de Lope Iñiguez e de Tecla Dias. Casou com Maria Sanches e teve três filhos deste matrimónio: Lope Díaz I de Haro, 4º Senhor de Biscaia, Sancho Díaz, tenente de Treviana e Gil Díaz. Mas segundo a lenda, nenhum destes poderia ser D. Inigo, pois este morreria de velhice e não em batalha, o que aconteceu aos três filhos deste casamento. A única veracidade desta lenda é que D. Diogo foi castigado pelo seu envolvimento com a misteriosa dama, o que me leva a crer que D. Diogo deve ter traído a esposa Maria Sanches pois D.Inigio seria um filho bastardo.

A segunda opção é a lenda ser sobre Lope Díaz I de Haro 4º Senhor de Biscaia, que do seu casamento com a condessa Aldonça Rodrigues, teve onze filhos, mas diferente de seu pai, teve três filhos bastardos: Lope Lopes de Haro, Sancho Lopes de Haro e Martim Lopes de Haro.

Na terceira opção, Iñigo Lopes, foi o primeiro senhor de Biscaia, sendo o sucedor de seu pai Lope Velázquez (o nosso D. Diogo), entendo o que dizem sobre o pacto com o Diabo, pois Iñigo tem muitos títulos e histórias dos quais se pode gabar. Não existe registo de mãe, nem de irmãs, apenas de seu pai e seu tio. Por isso se me perguntam a mim, esta lenda sim, pode ter um pingo de verdade, talvez romantizada para esconder as atrocidades praticadas naquela época.

 

Boas leituras

 

15
Nov23

Lenda da Moura Salúquia

Bri Atano

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Caros leitores, para a lenda de hoje vamos voar até a uma linda cidade chamada Moura. Não sei quantos conhecem, eu pessoalmente desconhecia, é uma cidade raiana portuguesa, pertencente ao distrito de Beja, inserida na região do Alentejo e na sub-região do Baixo Alentejo tem 958,46 km² de área e 13 259 habitantes (2021).

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Foto por Acácio Costa 

A existência de duas nascentes de água permanente no interior do castelo, que ainda hoje abastecem duas fontes (Três Bicas e Santa Comba), permitiu que surgissem, na transição do século XIX para o século XX, uma unidade termal e a fábrica da Água Castello, unidade fabril que se manteve no espaço do castelo até ao final da década de 30. (fonte Wikipédia)

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Foto publicada pela Revive e Lusa

Foi em Moura, que também se construiu o primeiro convento da Ordem das Carmelitas na Península Ibérica - o Convento do Carmo - e deste convento saíram os monges que fundaram o Convento do Carmo, em Lisboa. Funcionou como antigo hospital local, e actualmente está a ser requalificado para se tornar numa instalação hoteleira, devolvendo assim uma nova vida a um edíficio histórico degradado e que segundo o presidente da Câmara de Moura, Álvaro Azedo, argumenta: "Vai ter outro uso, é certo, mas as pessoas sentem-no como seu, porque muitos de nós nascemos naquele convento, e este é o investimento certo para lhe dar uma nova alma”

Feitas as apresentações a esta linda cidade, vamos então viajar para mais uma lenda:

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Oleo sobre tela Lefrontier

Era uma vez, numa terra de seu nome Al-Manijah, outrora Aruci Novum, uma princesa de seu nome Salúquia, herdeira de Abu-Hassan e governadora da cidade, cujo amor da sua vida era o alcaide mouro de Aroche, Bráfama. Um dia antes do se matrimónio, Bráfama, com a sua comitiva, dirigiu-se para Al-Manijah que ficava apenas a dez légua de distância. Porém todo o território alentejano a norte e a oeste, já estava sobre poder cristão, tornando-se assim numa jornada perigosa. 

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D. Afonso Henriques, encarrega dois fidalgos, os irmãos Álvaro e Pedro Rodrigues, de conquistarem a cidade de Al-Manijah. Informados dos preparativos matrimoniais que aí se desenrolavam, os irmãos planearam uma emboscada num olival perto da povoação. Atacados de surpresa pelos cavaleiros cristãos, a comitiva de Aroche foi facilmente derrotada e Bráfama foi morto.

Disfarçados com as veste dos representantos muçulmanos, os fidalgos cristãos dirigiram-se para a cidade, onde Salúquia aguardava o seu noivo, no alto da torra do castelo. Quando viu um grupo de cavaleiros que julgou ser Islâmicos, a princesa ordenou que se abrissem as portas da fortificação.  Imediatamente após entrarem na muralha, os cristãos lançaram-se sobre os defensores da cidade e conquistaram o castelo.

Salúquia, apercebeu-se do erro que cometeu e amargurada e ferida pela certeza da morte de seu noivo Bráfama, tomou as chaves da cidade e atirou-se da torre onde se encontrava.

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Foto da capa de “Saluquia - A Lenda de Moura em Banda Desenhada”

Comovidos pela história de amor que os sobreviventes islâmicos lhes contaram, os irmãos Rodrigues teriam renomeado a cidade para Terra da Moura Salúquia. O tempo encarregar-se-ia de transformar esta designação para Terra da Moura, até que evoluíu para a actual forma de Moura.

A uma torre de taipa do Castelo de Moura ainda hoje se chama a Torre de Salúquia, e a um olival nas proximidades de Moura, aquele onde supostamente teriam sido emboscados Bráfama e a sua comitiva, o povo chama Bráfama de Aroche. Nas armas da cidade figura, uma moura morta no chão, com uma torre em segundo plano, numa alusão à lenda da Moura Salúquia.

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Foto por Silvana Regina

20
Out23

Lenda do Pátio do Carrasco

Bri Atano

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Hoje vamos falar sobre a capital, Lisboa, e sobre uma das muitas lendas que assombram a cidade. Situado em frente ao Largo do Limoeiro, junto à antiga cadeia, está o Pátio do Carrasco, também conhecido como "O Negro", vamos falar um pouco sobre Luís dos Santos e mergulhar em mais uma lenda assustadora de Portugal.

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No ano de 1806, numa família honrada e muito respeitada de Capeludos, nasceu um bebé de seu nome Luís António Alves dos Santos, seu pai Inácio Alves dos Santos e sua mãe Joana Bernarda Pimenta, garantiram que o seu filho tinha uma infância feliz junto da sua restante família. 

Perto de 1822, Luís teria entre 16/17 anos, quando partiu para Lisboa, alistando-se na vida militar, que foi quando a sua vida começou a não correr tão bem, pois rapidamente notou que não estava enquadrado sobre a realidade que se vivia na capital e ficando acamarado com recrutas pouco atinados, não o ajudou. Certo dia aconteceu algo que mudaria a sua vida para sempre, um assassinato, durante um assalto a uma casa de gente rica no Campo Grande. Junto com alguns colegas, tornou-se refratário e regressou à sua província transmontana, vivendo como "fora-de-lei". Foi preso em Vila Pouca de Aguiar, onde respondeu por 18 crimes que lhe foram atribuídos, mas que ele sempre negou. Confessou sim, que matara por duas vezes, mas em legítima defesa.

Entre perseguições por parte de absolutistas e alistamento na cavalaria, ainda se viu misturados em "gangs", permaneceu numa situação de marginalidade, procurando sempre iludir as autoridades, até ser capturado de vez pela polícia, já com mais de 30 anos. (Existe um romance histórico e biográfico, escrito por Leite Bastos, de seu nome "O Último Carrasco", que detalha a vida de Luís dos Santos e que recomendo a leitura)

Em Junho de 1845, como refere Maria João Medeiros, em "Alamanaque do crime português" - 2021, que chegou a proposta: passar a matar (legalmente) para não ser morto. Terá sido a sua esposa a convencê-lo  a se tornar, Executor de Alta Justiça - designação do carrasco real, uma função maldita e mal vista por todos, mas que Luís Alves aceita a fim de lhe ver comutada a pena de morte. 

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O apelido "O Negro", teve a ver com a sua pose austera, caminhando devagar e firme em direcção ao cadafalso, onde os criminosos e fora-de-lei, eram sentenciados e mortos à vista de todos numa praça pública. O carrasco vestia preto, de cima a baixo, um capuz igualmente preto que lhe tapava toda a cabeça, apenas um orifício para ver o que o rodeava. Os populares que iam assistir à morte por enforcamento ou por lâmina afiada começavam a afastar-se à sua passagem, reassumindo o seu lugar, entre o curioso e o receoso. Mesmo sem nunca ter executado ninguém, "O Negro" era fantasmagórico, tenebroso. 

Como militar, Luís Alves, sempre foi considerado um homem valente, com três condecorações atribuídas, antes de se tornar refratário e de tornar a sua vida num inferno conturbado que o fez morrer só, repudiado pela família, esquecido, triste, pobre e doente de epilepsia e asma, a 18 de Agosto de 1873, num bairro em Vila Pouca de Aguiar e não se sabe ao certo, nem onde é a casa de família, nem onde se encontra sepultado.

 

Vamos agora à lenda:

Artur Pastor - Pátio do Carrasco

Imagem de Artur Pastor

O Pátio do Carrasco situa-se em Lisboa, hoje bastante degradado, mas foi aqui que terá vivido temporariamente Luís António Alves dos Santos, conhecido como “o Negro”, que foi o último carrasco de Portugal. 

A lenda conta que existe um túnel subterrâneo, que ia desde o Pátio do Carrasco à Prisão do Limoeiro, mesmo ao lado, e que seria usado para que o carrasco pudesse mais facilmente ir executar os seus deveres. A lenda conta também que, no local onde estaria essa passagem, ainda hoje se ouvem gritos, que seriam do próprio Luís, atormentado pelas mortes que causou.

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Imagem por Eduardo Portugal

É aqui que esta lenda se torna difícil de defender e entender: é possível que Luís Alves nunca tenha executado ninguém. Dizem que quando foi encarregue de o fazer, em Tavira, deu ao seu imediato o dinheiro que tinha consigo, para que o substituísse. Na época os carrascos usavam capuz, era possível trocarem de lugar sem que ninguém se apercebesse.

Será que Luís grita atormentado pelas mortes que causou na juventude? O carrasco lutou ao lado dos absolutistas, no século XIX, e confessou ter matado dois homens em legítima defesa. 

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Imagem por Tozé Fonseca

06
Out23

Lenda da Casa Amarela de Ovar

Bri Atano

Entramos oficialmente no mês onde se faz homenagem aos mortos, muitos chamam de Halloween outros de Noite das Bruxas. Vou tentar então trazer um pouco de lendas assustadoras, começando por esta que acontece na linda cidade de Ovar, que para quem não conhece, é uma cidade portuguesa que se situa no município de Aveiro, sendo a única população que possui este vocábulo em todo Portugal ou até no estrangeiro. 

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A primeira referência, conhecida, a este nome, é feita numa carta de 12 de Junho de 922, de Ordonho II da Galiza e Leão, na qual são doados ao Mosteiro de Crestuma "bens consideráveis, entre os quais se contam a igreja de S. Donato e a igreja de S. João". No documento, este local é referido como porto de obal, nome que faz referência ao então rio Obal (ou Obar), atual rio Cáster.

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(foto por João Elvas)

Agora que ficámos a conhecer melhor esta bela cidade, que com certeza tem mais lendas, vamos falar de uma que a maiorida da população Ovarense ou Vareiros conhecem, vamos mergulhar na lenda da Casa Amarela.

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Era uma vez, numa linda casa amarela, uma família rica que possuía uma filha única que, quando crescesse, seria a herdeira da família, que começou, eventualmente, a namorar com um rapaz pobre. O pai da rapariga era contra o namoro entre os dois e num acto de raiva atirou-os para um poço que se situava no jardim e deixou-os morrer lá. Dias se passaram e o pai foi encontrado enforcado no poço. A partir daí, é dito que as três entidades assombram a casa.

Várias pessoas que lá entraram ficaram amedrontadas: já tentaram demolir a casa ou restaurá-la, mas assim que o tentavam fazer, as máquinas desligavam-se do nada, ouviam-se gritos e via-se sangue a escorrer pelas paredes. Também tentaram colocar vidros nas janelas da casa, mas rapidamente, estes partiam-se misteriosamente. Graças a esses acontecimentos estranhos, os engenheiros não voltaram à casa.

Rumores dizem que houve também uma família de ciganos que decidiu morar na casa amarela, que entretanto fugiu devido às assombrações presentes.

Outra versão desta lenda, é que terá pertencido a um empresário que terá perdido a casa por causa de dívidas e ter-se-á suicidado lá dentro, jurando que “mais ninguém iria ficar com a casa”. O edifício está abandonado há décadas e consta que nem os residentes mais antigos da rua se lembram de a ver habitada por alguém. 

 

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Tentei cruzar informação de novo com pessoas ricas de Ovar, que lá terão habitado, dois nomes reçaltam, 1º e 2º Viscondes de Ovar, mas apenas se sabe que foram soldados um deles liberal, empresários que tiveram a sua morte antes de 1950 e alguns cuja informação não se encontra disponível em lado nenhum, no entanto existe dois que têm a sua morte perto da data, um deles em 1968 e o outro a 1959, invalidando também a morte por enforcamento, e nada mais se encontra datado apartir de 1800, visto que a ordem de construção da casa foi dada em 1952, nunca chegada a ser acabada. Deixando apenas a questão, que família notavél morava em Ovar por essa altura, sem o conhecimento do concelho? Será que a casa não terá sido acabada por falta de acordo ou ilegalidade? 

O que nos resta é apenas uma lenda, que podemos escolher acreditar ou não, mas demasiados relatos sugerem de facto que algo se passa nesta casa, mas a sua história, apenas as paredes o sabem.

27
Set23

Lenda da Torre da Princesa

Bri Atano

Vamos hoje viajar até Bragança, uma linda cidade situada a Norte de Portugal, faz fronteira com Espanha e hospeda a 2ª maior área protegida do país - Parque de Montesinho - assim como mais de cinco séculos de tradições sendo a mais conhecida, talvez, os Caretos. Mas não é sobre essa lenda, não hoje, que iremos falar, mas sim da Torre mais famosa do Castelo de Bragança, essa mesmo. Apresento-vos então a Lenda da Torre da Princesa.

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Era uma vez, há muito tempo, na povoação de Bemquerença, onde existia um castelo que albergava uma bela princesa orfã, que ali vivia com o seu tio, o senhor do castelo.

A princesa apaixonou-se por um nobre, valoroso e jovem cavaleiro, porém carente de recursos. Por esse motivo, o jovem partiu da aldeia numa longa jornada em busca de fortuna, prometendo retornar apenas quando se achasse digno de pedir a sua mão.

Anos se passaram, a jovem recusou todos os seus pretendentes esperando por o seu nobre cavaleiro, até que o seu tio, impaciente, prometeu-a a um amigo, forçando-a ao compromisso. Ao ser apresentada ao candidato do tio, a jovem confessou-lhe que o seu coração pertencia a outro homem, cujo retorno aguardava há anos.

A revelação enfureceu o tio, que decidiu, nessa mesma noite, se disfarçar como um fantasma e, penetrando por uma das duas portas dos aposentos da princesa, simulando ser o fantasma do jovem ausente, afirmou-lhe com voz lúgubre, que ela estava condenada para sempre à danação, caso não aceitasse o casamento com o novo pretendente. Prestes a obter um juramento por Cristo por parte da princesa, milagrosamente abriu-se a outra porta e, apesar de ser noite, um raio de sol penetrou nos aposentos, desmascarando o tio impostor.

Daí em diante, a princesa passou a viver recolhida na torre que hoje leva o seu nome, sem nunca mais ser obrigada a quebrar a sua promessa, e as duas portas passaram a ser conhecidas como Porta da Traição e Porta do Sol, respectivamente.

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Como não encontrei em registos, o que aconteceu à princesa orfã, resolvi tentar pesquisar um pouco sobre a monarquia portuguesa e algo me leva a crer que terá sido durante a Dinastia de Avis ou Dinastia Joanina. A Torre terá sido construída perto de 1438/39, aqui não sei o quão certa estarei mas os senhores do castelo seriam ou D. Afonso (1º Duque de Brangança) que esteve no poder até meados de 1433, onde terá sido substituído por D. Duarte I entre 1433-1438 e posteriormente por D. Afonso V, 1438-1481.

Mas é aqui que tudo se complica um pouco, principalmente porque quem estaria no poder seria D. Afonso V devido ao falecimento de seu pai e a torre pode apenas ter servido para passar uns dias ou ser mesmo um local de repouso e passagem, e temos duas opções:   pes_392155.jpg  800px-Hans_Burgkmair_d._Ä._006.jpg

No caso 1, aquando a morte de seu pai D. Duarte I por volta de 1438, D. Leonor teria sido deixada à responsabilidade de seus tios paternos, D. Pedro e D. Isabel de Borgonha. D. Leonor cresceu na corte, em Lisboa, e dos seus últimos anos em Portugal pouco se conhece. Especula-se em algumas fontes quanto os amores que um certo jovem fidalgo da altura lhe terá tido no fim da década de 40 daquela centúria, quando D. Leonor contava com 16 anos e o seu contrato de casamento era já negociado. Teria o jovem acesso à Infanta por intermédio de D. Guiomar de Castro, de quem era primo co-sobrinho pelo lado materno. Conta-se que passou a Itália na armada que levou a Infanta D. Leonor e que, após o casamento desta, abraçou a vida religiosa; segundo as mesmas fontes tê-lo-á feito por desgosto de ver a sua amada casada com outrem. Tomou ordens como Frei Amadeu e ficou conhecido para a história como Beato Amadeu.

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No caso 2, consta-se que D. Joana de Trastâmara, seria o fruto de uma traição entre D. Joana de Portugal e Beltrán de La Cueva, tornando-a assim filha ilegítima de D. Henrique IV de Castela e com isso vieram muitas guerras civis, mas também a procura de um marido para a filha, para esta não perder os seus direitos que estavam a ser ameaçados. Depois de várias hesitações diplomáticas, D. Joana acabou prometida em casamento ao seu tio, o Rei Cavaleiro, D. Afonso V de Portugal, que tomou como sua empresa de cavalaria defender os direitos da sua inocente e jovem sobrinha. Para este casamento foi necessária uma dispensa papal, dada a próxima consanguinidade entre os noivos. D. Afonso jurou defender os direitos da esposa e, por conseguinte, os seus próprios, ao trono de Castela. Existem rumores que D. Joana pode mesmo ser filha de D. Henrique IV de Castela, mas sem os restos mortais que foram perdidos no terramoto de Lisboa nunca se poderá ter o ADN para confirmar, apenas nos restam especulações sendo uma delas os factos que o historiador António Júnior, apresenta, facto após facto, argumento após argumento, documentando-se em fontes históricas bem identificadas, a tese de que D. Joana de Portugal terá sido inseminada artificialmente, ou pelo menos de forma assistida, com sémen de D. Henrique IV de Castela, através de uma “mestria” conduzida provavelmente pelo físico judeu de nome Yusef ben Yahia. 

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Mas de novo tudo isto são especulações pois era comum a recusa e as negociações de casamentos e apenas uma visão diferente sobre a Lenda da Torre da Princesa.

22
Set23

Lenda de São Martinho

Bri Atano

Todos nós em alguma altura da nossa vida já ouvimos a expressão "Verão de São Martinho", se ainda não a ouviram eu explico, imaginem o mês de Novembro em Portugal, chuvas, ventos, frio e num dia tudo isso parece desaparecer, mais exactamente no dia de São Martinho, 11 de Novembro. Acreditem, esse dia existe, e aqui vos deixo a lenda que deu vida a esse dia, a lenda do soldado Martinho.

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Era um dia frio e tempestuoso de Outono, um soldado Romano de seu nome Martinho, ia montado no seu cavalo, quando se depara com um mendigo cheio de frio e fome. O soldado, que já era conhecido por ser muito generoso, tirou a sua capa e com a espada cortou-a ao meio e com uma das partes, cobriu o mendigo.

Continuou o seu caminho, quando mais à frente se depara com outro mendigo cheio de frio, vendo que ainda tinha uma metade da capa, tornou a oferecer ao pobre homem.

Martinho, sem capa, continuou o seu caminho ao frio e ao vento, de repente e como por magia, o céu abriu, apareceu o sol, a tempestade foi embora. Os raios de sol começaram a aquecer a terra e o bom tempo prolongou-se por três dias.

Desde essa altura, todos os anos, por volta do dia 11 de novembro, surgem esses dias de calor, aos quais se chamam de "Verão de São Martinho".

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E sabem o que se pode fazer até esses dias de calor chegarem? Comer umas castanhas bem quentinhas, enquanto se vê as folhas a caírem das árvores.

 

21
Set23

Voltarei com novas lendas

Bri Atano

Boa tarde caros leitores,

Sei que já vai bem além de meio ano que não escrevo uma única lenda, peço imensa desculpa. Houve problemas pessoais, trabalho, pouco tempo livre e muito mas muito stress, resultado esse que me provocou uma perda de 20kg, muitos cabelos e algumas noites de sono. Estou bem, estou de volta e irei trazer mais assíduamente novas histórias, novos mitos e novas lendas. 

Agradeço a todos a paciência <3

Bri Atano

30
Dez22

Lenda Nihohonjin-Kasajisou

Bri Atano
Olá meu amigos, trago um lenda que não saberei dizer de onde teve a sua origem, apenas um texto lindo que encontrei por os grandes fios da Web e achei que valia a pena partilhar, trata-se de uma lenda de Ano Novo, e com tal vem-nos relembrar que nem sempre tudo corre como queremos e nada é mais importante que relembrar que acima de tudo devemos de ser bondosos e ter sempre um pouco de esperança, pois um ano acaba mas outro aí vem. Mergulhem nesta lenda maravilhosa.
 

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“Era uma vez, um lugar distante onde moravam um velhinho e uma velhinha. O velhinho fazia chapéus. Eles eram muito pobres, tanto que certo ano, na véspera do Ano Novo eles não tinham dinheiro nem para comprar os tradicionais bolinhos de arroz. Por isso, o velhinho foi para a cidade a fim de vender os chapéus. Ele pegou cinco chapéus e saiu. A cidade ficava muito longe e o velhinho caminhou por um campo muito extenso. Enfim, o velhinho chegou a cidade:
– Olha o chapéu! Chapéus finos! – Dizia o velhinho enquanto caminhava.
A cidade estava muito movimentada, com muitas pessoas fazendo os preparativos para o Ano Novo. Todos voltavam para casa após comprarem peixe, sakê e bolinhos de arroz. Mas ninguém comprou chapéu. No Ano Novo, ninguém sai para caminhar, por isso não há necessidade de chapéu.
O velhinho andou a cidade o dia todo, gritando, mas não conseguiu vender um só chapéu. E vendo que não tinha jeito, não comprou os bolinhos de arroz e resolveu ir embora.
Quando o velhinho saía da cidade, começou a nevar. O cansado velhinho, apesar do frio, continuou a caminhar pelo campo no meio da neve, quando ele viu a imagem dos Jizos (estátuas feitas de pedra). Estavam alinhados seis Jizos e sobre suas cabeças, havia bastante neve que respingava em seus rostos.
O velhinho de bom coração pensou: “Os Jizos devem estar com frio…” Ele passou a mão na cabeça dos Jizos e tirou a neve que estava acumulada. Depois,cobriu-os com os chapéus que não conseguira vender.
– É um chapéu que não teve saída, mas cubram-se com ele, disse o velhinho.
Mas só tinha cinco chapéus e os Jizos eram seis. Como faltava um chapéu, o velhinho pegou o chapéu que ele próprio usava e cobriu o Jizo.
– É um chapéu velho e sujo, mas cubra-se com ele, disse o velhinho. E o velhinho voltou a caminhar na neve e voltou para casa.
Quando o velhinho voltou para casa, como não estava com chapéu, ficou branco, todo coberto de neve. A velhinha viu e perguntou o que havia ocorrido.
E o velhinho disse:
– Na verdade, não consegui vender nenhum chapéu. No caminho de volta, vi os Jizos e imaginei que estivessem com frio, cobri-os com os chapéus e como faltou um, cobri com o meu.
Ouvindo essa conversa a velhinha ficou emocionada e disse:
– Que gesto nobre!
O velhinho e a velhinha comeram apenas arroz com conservas e entraram nas cobertas. A noite chegou… Já estavam deitados, quando ouviram vozes:
– “Entrega de Ano Novo! Onde é a casa do vendedor dos chapéus? Abra a porta vendedor!” Eles abriram a porta e ficaram assustados. Na frente da casa, havia muitas mercadorias: arroz, sakê, bolinhos de arroz, peixe, adornos de Ano Novo, cobertores quentes, etc. Os velhinhos olharam em volta e viram seis Jizos de chapéu indo embora. Os Jizos vieram retribuir um Feliz Ano Novo ao bondoso velhinho.”
 

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"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."

James R. Sherman 
 
23
Dez22

Lenda da Rosa de Natal

Bri Atano

Hoje, trago-vos mais uma lenda de uma flor que é muito utilizado nesta época festiva, a rosa do Natal. Mergulhemos então, em mais uma lenda.

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Era uma vez, em Belém, um casal que teve um filho de seu nome Jesus, que viria a ser o salvador do mundo. A palavra espalhou-se e, de todos os lados, vinham pastores, crentes e até reis magos, para fazerem oferendas ao menino, que estava nas palhas deitado, junto de Maria e José. Uma pequena pastora que observara tudo de longe, ficou triste, pois não tinha nada para oferecer ao menino Jesus, e começou a chorar. Um anjo, que por ali passava, ao ver tamanha tristeza, passou junto da menina e, quando as suas lágrimas caíram na terra gelada, transformou-as em lindas rosas brancas, que a menina com o coração carregado de felicidade, rapidamente apanhou e levou como oferta ao menino Jesus.

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Boas Festas!

 

21
Dez22

Lenda das Renas do Pai Natal

Bri Atano

Quem já ouviu falar do Rodolfo, da famosa rena de nariz vermelho do Pai Natal? Ou o porquê de serem oito? Vamos lá mergulhar em mais uma lenda.

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Era uma vez, um senhor que morava na Europa, no século XIX, de seu nome Nicolau, também conhecido por Pai Natal, que estava a pensar numa forma de conseguir entregar presentes a todas as crianças no seu trenó. Lembrou-se então que em alguns países como é o caso do Canadá (Norte), Alasca, Rússia, Escandinávia e Islândia, as pessoas se deslocarem na neve, usando um trenó puxado por renas. Porém, as renas do Pai Natal tinham de ser especiais, pois ele precisava de renas que voassem para entregar os presentes no dia certo e sem atrasos a todas as crianças do mundo inteiro.

Encontrou então as suas oito renas mágicas de seu nome :

Dasher/Corredora, Dancer/Dançarina, Prancer/Empinadora, Vixen/Raposa, Comet/Cometa, Cupid/Cupido, Donner/Trovão e Blitzen/Relâmpago.

Certo dia, no ano de 1939, o Pai Natal ao chegar a uma casa para entregar presentes, encontrou Rudolph/Rodolfo, e esta rena era diferente de todas as outras, pois tinha o nariz vermelho e luminoso. Como nessa noite o nevoeiro era imenso, Nicolau pediu então a Rodolfo que se juntasse a ele e que liderasse as suas renas de modo a que não se perdessem pelo caminho. A partir desse dia, Rodolfo passou a ser a rena que guia o trenó do Pai Natal todos os Natais e também a sua rena mais famosa.

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Boas Festas!

 

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